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Vivendo e aprendendo

Na vida temos muitas surpresas, boas, ruins, inesperadas... Temos que estar preparados para reagir a cada uma delas. Chore, ria, faça careta, pule, dançe, cante, corra, viva. Não tenha medo de Viver e ser feliz!
Existem momentos na vida, que podem parecer bobos, que possam parecer comuns para você no enquanto, mas um dia você pode olhar pra traz e diz: esse foi o dia mais feliz de minha vida. "até agora".
Por isso, aprecie cada momento na vida, como se fosse único, e especial, com uma pessoa especial.Não busque a felicidade muito longe, ela pode estar mais perto do que você imagina!
Tente apenas ser feliz, faça o que der vontade, não se importe com o que os outros dizem sobre você, porem, tente não dizer nada sobre os outros. Não faça com o próximo o

Victor Hugo

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sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Terezinha Bersani/ Sentido e significado

SENTIDO E SIGNIFICADO: o valor da produção de texto na formação do professor.

Terezinha Bersani
“É uma idéia perversa acreditar que professores e alunos não podem lidar com questões narrativas com capacidade e abertura comparáveis e com um ganho comparável em termos de autoconsciência. Ninguém precisa “declarar a guerra” em relação aos significados múltiplos, perspectivas múltiplas, estruturas múltiplas que podem ser utilizadas na compreensão do Passado, Presente e Possível humanos. A interpretação da narrativa colaborativa não é um “toma lá, dá cá”. Extrair sentido conjuntamente não precisa ser um exercício de hegemonia, fazer com que apenas a versão da história do mais forte seja engolida pelo mais fraco – mesmo quando questões políticas tensas estão em jogo. Da mesma forma que a ficção feminista, terceiro mundista e de minorias abriu nossos horizontes, a história e o comentário social escritos com honestidade, interpretados com inteligência e debatidos abertamente podem criar um mundo democrático mais rico [...]. Eu vejo o debate e a negociação, mais uma vez buscados de forma aberta, como os inimigos da hegemonia – seja ela relacionada ao sexo, à raça à origem étnica, à religião ou apenas à força bruta.” (BRUNER, 2001, p.96)



Resumo
Palavras- Chave: formação, sentido, significado, produção de texto, professor/autor.


Introdução

Este texto anuncia a crença de que, tanto professores quanto alunos são capazes de arcar com as questões narrativas, a partir da consciência individual e coletiva. Consciências direcionadas a tirarem os sentidos múltiplos sobre os fenômenos educacionais, para produzir vozes múltiplas, livres, não a versão única dominante, mas a narrativa mestiça, chave de novos horizontes, de comentários educacionais escritos com seriedade e honestidade. A interpretação inteligente debatida no coletivo é possibilidade de criação de um mundo mais democrático.

Aprender a escrever textos na graduação é responder a uma das emergências do ensino da leitura e da escrita no ensino fundamental que envolve alfabetizar e letrar o aluno, dois processos concomitantes e indissociáveis de compreensão e aquisição do sistema alfabético e ortográfico da escrita, das relações fonema-grafema, das técnicas e convenções para o seu uso. O uso da língua se faz mediante o desenvolvimento das competências linguísticas de aprender a reconhecer, ler e escrever diferentes gêneros de textos, com diferentes objetivos, para atender a necessidades diversas para diferentes interlocutores. A aprendizagem da escrita de textos envolve pesquisa que ajuda no desenvolvimento da leitura, interpretação e uso das mais diversificadas fontes escritas de informação.

Este texto constitui-se dos itens distribuídos em: Formação; Sentido e significado; Produção de texto;

1. Formação

A formação de professores para a educação básica nos dias atuais comporta para além da aprendizagem de conteúdos e metodologias a pesquisa como princípio educativo (Demo: 2008). Defendemos com (Chizzotti:2000) (Moreira: 2002) a pesquisa qualitativa cuja característica principal se manifesta no tratamento dos dados.

Isso significa abandonar quase que totalmente as abordagens matemáticas para trabalhar com palavras oral e escrita, com sons, imagens, símbolos, metáforas, memória etc. Vislumbrar o papel da pesquisa empírica sobre a natureza do ser humano, demandando um conjunto metodológico concebido na dinâmica do ambiente, mundo vivido e interpretado, em interação constante com o outro.

Estudar a natureza do ser humano, sua conduta é retomar as experiências vividas resultante das atividades e interações pessoais com base nos sentidos e nas interpretações, dentro do contexto em que vive o ser, local onde adquire a “consciência de mundo, suas habilidades para pensar, aprender e criar” ((Moreira: 2002, p.48) desenvolvendo uma linguagem e interação com o outro criando sentidos para a própria vida, visto que, a fonte de sentido de uma coisa é um produto social criado no processo interativo intersubjetivo.

2. Sentido e significado

O sentido pleno do fenômeno educativo nos é negado, inatingível, é um horizonte avistado. Compreendê-lo pede uma interpretação, o que nos impõe uma hermenêutica para acompanhar a estrutura dos sentidos dos discursos narrativos como expressão da essência do fenômeno educativo.

Segundo (Moreira, 2002, p. 49-50) é pelo compartilhamento de conjuntos de símbolos que as pessoas se comunicam e agem de modo a fazer sentido para as outras pessoas, pois o sentido não é próprio do objeto, mas construção social. Quando ocorrem mudanças no cenário sócio-econômico-social os sentidos das instituições solicitam revisão das finalidades porque nova visão de homem, mundo e sociedade emergem.

A educação como prática social formadora do sujeito é co-responsável junto a outras formas educativas pelo tipo de homem necessário à continuidade da sociedade constituída. Por isso, novas práticas educativas emergem, tais como as tecnologias, forçando a reunificação dos saberes em interdisciplinaridades contextualizadas produtiva de resultados.

As áreas de conhecimento não são encontradas, não se mostram ao olhar humano, mas são produzidas pelo homem, também um ser histórico, quer seja de forma simples ou complexa, abstrata ou concreta. Essa produção constante implica a revisão da prática educativa para responder sutilmente às novas configurações compreensivas dessas áreas sobre o determinante cultural, do qual a educação é seu produto.

Entendemos a educação como uma prática social exercida pelo professor, localizada na área das ciências humanas, o lócus da efetividade do fenômeno educativo. Dotada de teor simbólico, pois é produzida na cultura, a “educação” comporta sentidos diversos. Educar é tarefa ambígua, enfadonha e rotineira, pelo princípio da repetição inerente a pedagogia, e ao mesmo tempo torna-se perigosa por desenvolver a mente humana.

Do lado do desenvolvimento da mente humana a educação se torna perigosa porque o educar pela pesquisa modifica a concepção de sociedade e de cidadão ideais, porque se passa a entender que “a educação não é uma ilha, mas parte do continente da cultura.” (BRUNER, 2001, p.22)

“A vida em uma cultura é, portanto, uma interação entre as versões do mundo que as pessoas formam sob sua influência institucional e as suas versões que são produtos de suas histórias individuais. Ela raramente se conforma a qualquer coisa que lembre um livro de receitas ou fórmulas, pois é um elemento universal de todas as culturas que elas contenham interesses fracionários e institucionais.” (BRUNER, 2001, p.25)

O ser humano se educa com os outros, na convivência, na qual se criam narrativas orais conscientizadoras do “quem nós somos”. Ao conviver trazemos para dentro do nosso ser, no processo de constituição da nossa identidade extraindo do ambiente cultural, a linguagem, mito, arte, os significados que “influenciam nossas percepções e processos de pensamento de uma forma não encontrada em nenhum lugar no reino animal”. [...] (BRUNER, 2001, p.156),

Em uma palavra, o preceito da perspectiva ressalta o lado interpretativo, de produção de significado do pensamento humano enquanto que, ao mesmo tempo reconhece os riscos inerentes de discordância que podem resultar do cultivo deste lado profundamente humano da vida mental. (BRUNER, 2001, p.25)

Interpretar é compreender a semântica que aponta para outros sentidos. “Entender bem o que algo “significa” exige certa consciência dos significados alternativos que podem ser atribuídos à questão que está sendo examinada, não importando se, se concorda com eles ou não.” (BRUNER, 2001, p.24)

3. Produção de texto

É na escola concebida como espaço de exercício no aumento da conscientização e sobre as possibilidades do pensar compartilhado que se desenvolve a capacidade para trabalhar em equipe, definida como a facilidade para estabelecer contatos de maneira adequada no desempenho das atividades. Há aí uma troca de conhecimentos e idéias em que o domínio do material, a divisão de trabalho e a troca de papéis fornecem oportunidades de refletir sobre as atividades em grupo. Um bom trabalho em equipe fornece aos seus membros as oportunidades para dar e solicitar as informações necessárias ao bom andamento dos trabalhos, participar de atividades conjuntas, sem prejuízo do trabalho individual, respeitar a divisão de tarefas, aceitar a coordenação dos chefes de equipe, cooperar com as equipes das quais fizer parte.

O trabalho em equipe, na produção de textos torna-se uma porta aberta para o paradigma de inclusão. É a difícil aprendizagem da aceitação. “A descoberta da importância da interação humana nos estágios iniciais da vida e do papel da atividade auto-iniciada e autodirigida no estabelecimento da interação constituiu um importante avanço.” (BRUNER, 2001, p.82) em

A produção de texto equipa o estudante com habilidades, formas de pensar, sentir e falar que posteriormente poderão ser negociadas em troca de lugares sociais profissionais. Daí decorre o objetivo deste trabalho: pensar melhores caminhos de formação de professores, no qual se contemple a pesquisa educacional cujos resultados sejam noticiados na forma de produção de textos, como narrativa significativa da rota percorrida pelo (a) acadêmico (a).

A produção de textos na graduação se faz em processo interativo no qual as pessoas aprendem umas das outras praticando a narrativa, o que é muito importante tanto para a harmonia cultural quanto estruturação da vida de um individuo.

É na produção do discurso narrativo que se percebe a periculosidade do ato educativo. A narrativa traz o sentido político da educação. Para desvelar o fenômeno educativo nos valemos da pesquisa qualitativa em educação que nos aponta a fenomenologia como filosofia e método mais indicado no campo. A dimensão pedagógica do fenômeno só pode ser vivida como uma experiência de encontro, em que cada pesquisador busca “seu próprio caminho, seu estilo de trabalho, de pensamento, de ação, de discurso, e posicionamento diante dos homens, do mundo, da história e da sociedade”. (REZENDE, 1990, P. 14). Trabalhar com a fenomenologia é viver na ambigüidade. O método fenomenológico é discursivo, não só definidor das essências. (idem. P. 17). Trata-se de um discurso existencial em que a própria existência tem sentido e significado.

Segundo Bruner, (2001, p.44) a compreensão narrativa é fundamental na construção de nossas vidas e se transforma em um instrumento da mente na produção de significados. O termo significado. origina do Latim significare. É uma teoria dentro da filosofia da linguagem, que examina os múltiplos aspectos da compreensão humana, referentes às palavras e expressões lingüísticas e dos signos. A multiplicidade em relação a referencia produz o sentido, isto é, o modo como a referencia é feita. Uma mesma palavra pode ter sentidos diferentes dependendo do contexto em que é empregada. O significado depende do uso. Sentidos e significados são compartilhados no mundo prático para além de cada indivíduo, uma prática partilhada na cultura que nos faz e que fazemos. Auto-governar-se, meditar, contextualizar os sentidos e significados de tal modo que a informação seja traduzida para a existência própria. Somente nessa tradução se faz o conhecimento integrando a informação à vida própria reconhecendo seu valor e a utilidade

“para atingir esta dureza nos estudos humanos é preciso habilidades um pouco diferentes, uma sensatez diferente e mais coragem, pois a consideração da condição humana gera paixões contrárias. Mas essas paixões não podem ser aplacadas ou dispersadas em oásis isolados, de “matérias escolares”, como estamos aprendendo a duras penas.” (BRUNER, 2001, p.90)


Pensar melhores caminhos de formação profissional do professor significa buscar formar um professor/pesquisador que faça da pesquisa educacional o mote de seus estudos. Buscar informações sobre o fenômeno educacional não para explicá-lo, mas para interpretá-lo e compreende-lo. A compreensão precisa ser proposta e o meio de fazê-lo é a narrativa. Ao escrever o texto conta-se a história de alguma coisa. Esse “algo narrado” “escrito” é o “achado”, isto é, a compreensão do autor. São os significados das descobertas da pesquisa.

“A interpretação de qualquer narrativa em particular também não descarta outras interpretações, pois as narrativas e suas interpretações negociam significados são intransigentemente múltiplos: a regra é a polissemia. Os significados narrativos, além disso, dependem de forma apenas trivial da verdade no sentido estrito da verificabilidade. A exigência, ao contrário, é a verossimilhança ou “semelhança à verdade”, e este é um componente de coerência e utilidade pragmática, sendo que nenhuma delas pode ser rigidamente especificada.” (BRUNER, 2001, p.92)


Para uma formação de professor/autor, e não um mero repetidor de textos escritos por outros há que se considerar a importância da pesquisa na formação desse profissional da educação. Pesquisa fenomenológica-hermenêutica da realidade narrada criadora de dúvidas buscadora dos “por quês”. A questão fenomenológica principal é a busca da percepção de sentido da existência. Educar-se é apreender esse sentido, perceber o sentido das vidas vividas. Toda vivencia é passível de ser relatada. A investigação educacional como experiência vivida tem no relato organizado em narrativa, os sentidos dos sentidos.

Primeiro, pela observação identificamos os cinco sentidos humanos, e sua condição corporal, respeitante a “existencialidade do fenômeno e à consciência perceptiva”. O ato de observar pressupõe o sujeito educado para saber ouvir, ver, cheirar, degustar, sentir . Significar a vivencia na pesquisa é outro sentido que consiste em organizar as informações coletadas para serem interpretados e transformadas em conhecimento, isto é, desvelar o fenômeno, buscando descobrir em que sentido(s) há sentido(s) na teia de relação construída pelos dados. Outro sentido diz respeito a inteligência e a linguagem. Aprende-se a falar, a escrever, a ensinar. Instrumentos de ação e de compreensão da existência. Na busca da verdade questiona-se o projeto e o processo. Quais resultados foram obtidos? Para quê? Para quem? Questões éticas necessárias de serem respondidas pelo grupo de pesquisa. O texto produzido não se configura como “textos não–intencionais jogados no nosso caminho pelo destino”, mas são textos que nos possibilitam o “direito de questionar o motivo que o narrador tem para contar a história, ou de seu próprio privilégio de interpretar o que está sendo contado em relação a ela. As interpretações narrativas da realidade são as “vozes” dos seus autores, professores/pesquisadores em formação.

Considerações provisórias
Produzir textos é visto na proposta de formação da autora uma das formas de construção de um profissional com autonomia, pesquisador, autor de sua própria formação.




REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
ANDRÉ, Marli (org). O papel da pesquisa na formação e na prática dos professores. 4. ed, Campinas. São Paulo: Papirus, 2005.

BRUNER, Jerome. A cultura da educação. Porto Alegre: Artmed Editora, 2001
DEMO, Pedro. Introdução à Sociologia: complexidade, interdisciplinaridade e desigualdade social. .1a- ed.- 2a- reimpr. Cap. 8 Pesquisa Social. São Paulo: Atlas, 2008.
CHIZZOTTI, Antonio. Pesquisa em Ciências Humanas e Sociais. 4. ed. São Paulo: Cortez, 2000.

JAPIASSÚ, Hilton. MARCONDES, Danilo. Dicionário Básico de Filosofia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed. 1996.
LUDKE, Menga. A pesquisa na formação do professor, in FAZENDA, Ivani.(org) A Pesquisa em Educação e as transformações do conhecimento.2.ed.Campinas, SP, Papirus, 1997.
MOREIRA, Daniel Augusto. O método fenomenológico na pesquisa. São Paulo: Pioneira. Thomson, 2002
REZENDE, Antonio Muniz de. Concepção fenomenológica da Educação. São Paulo: Cortez Autores Associados, 1990.
SOARES, Magda. A entrada da criança no mundo da escrita: o papel da escola. P. 21-27; in Ensino Fundamental de nove anos. Orientações Pedagógicas para os anos iniciais. Secretaria de Estado da Educação do Parana.

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